SIMEDPB

06/10/2025

Música, reflexão e compromisso marcam o último dia da Conferência Internacional de Sindicatos Médico

Evento reuniu, em João Pessoa, sindicatos de médicos de vários estados e países

Poucos símbolos traduzem tanto o futuro quanto a voz de uma criança cantando. Foi assim, com a apresentação do Coral Jovem do Instituto Unimed João Pessoa, que começou o último dia da 6ª Conferência Internacional de Sindicatos Médicos, na manhã deste sábado (4). A presença de crianças e adolescentes do coral trouxe emoção, leveza e a lembrança de que toda a luta da categoria médica se conecta, em última instância, à oportunidade de garantir um amanhã mais justo e saudável para as próximas gerações. Com um repertório de exaltação à música paraibana, o coral arrancou aplausos calorosos e abriu espaço para uma jornada de debates e compromissos.

A manhã foi marcada pela mesa-redonda “Remuneração, Condições de Trabalho e Reconhecimento Profissional na Perspectiva da Mulher Médica”, que trouxe à tona reflexões sobre a desigualdade de gênero na carreira médica e a urgência de valorização justa e equitativa da profissão. O debate destacou que as mulheres médicas enfrentam não apenas a sobrecarga do trabalho, mas também desafios específicos relacionados ao reconhecimento e às oportunidades de crescimento.

Participaram da mesa as médicas Dra. Ana Carolina Araújo Oliveira Tabosa, presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco; Dra. Malu David, também diretora do SIMEPE e da FMB, Dr. Janice Painkow Rosa Cavalcante, diretora da Federação Médica Brasileira (FMB) e do Sindicato dos Médicos do Tocantins; e Dra. Maria Rosa, representante de Portugal.

Entre os dados apresentados durante o encontro, chamou atenção a diferença na média de renda líquida mensal entre homens e mulheres médicas. Enquanto os profissionais homens registraram uma média de R$ 477 por hora trabalhada na semana, as mulheres receberam R$ 416, evidenciando uma disparidade que ainda reflete desigualdade de gênero na medicina brasileira.

Outro dado preocupante expôs a dimensão da violência e do preconceito enfrentados por médicas no país: 62% relataram ter sofrido assédio moral ou sexual, 51% afirmaram ter sido alvo de agressões verbais ou físicas, 70% já vivenciaram preconceito de gênero e 78% disseram ter testemunhado episódios de preconceito contra colegas mulheres.

Os números reforçam a necessidade de políticas institucionais que garantam equidade de gênero, segurança no ambiente de trabalho e reconhecimento profissional às mulheres médicas, fundamentais na construção de uma saúde mais humana e justa.

O presidente do Sindicato dos Médicos da Paraíba (SIMED-PB), Dr. Tarcísio Campos, anfitrião do encontro, se emocionou ao apresentar o Coral nos Instituto Unimed aos participantes da conferência, falando da importância do trabalho social da cooperativa médica e sugerindo que os sindicatos abracem algumas causas sociais também. Ele destacou o simbolismo do encerramento em João Pessoa: “Foi uma honra para a Paraíba receber médicos de tantas partes do mundo. A apresentação do coral infantil traduz o que desejamos: uma profissão valorizada, capaz de cuidar com humanidade e de transformar o futuro. O evento se despede deixando sementes de diálogo e de luta coletiva que vão ecoar muito além da nossa cidade.”

O último almoço de confraternização selou a programação, consolidando João Pessoa como palco de um encontro histórico que uniu reflexão, cooperação internacional e compromisso com o futuro da medicina.

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